terça-feira, 19 de outubro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quem é capaz de confessar?

Escrevi o livro Confessionário urbano pensando na possibilidade de também disponibilizá-lo em áudio para as pessoas. Por isso o fiz de uma forma diferente, quase experimental. Ele é um livro que conta a história de várias personagens femininas que poderiam facilmente viver nos tempos de hoje. Foi todo escrito em primeira pessoa para dar um certo realismo e deixar que o leitor imagine algumas coisas que ele não descreve intencionalmente. Como tudo na vida é acidente, gravando a última postagem do blog pensei em retomar a idéia do áudio do livro. Só que desta vez com um moderno sabor de nostalgia daquilo que não vivemos. Quero resgatar o conceito de rádio novela. Então eis aqui meu web romance ou minha áudio novela. Mas lembrem-se NAO SOU NENHUMA DAS PERSONAGENS. Sei que vou provocar algumas confusões com isso. Os que já leram o livro e interagiram comigo me alertaram bastante a respeito. Mas eu estou disposta a correr este risco. A partir de hoje o postarei semanalmente.Espero que gostem. Com vocês, CONFESSIONÁRIO URBANO ...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Criatividade

Muitos estão curiosos. Se nunca me viram, ao menos poderão dizer que já me ouviram. Criatividade.

sábado, 11 de setembro de 2010

Eles dois


Ela ousava. Não tinha medo da vida que se anunciava. Era ela a vontade materializada. Uma mulher que se deliciava muito mais com o percorrer da estrada do que com o simples chegar a um lugar que não poderia oferecer mais nada. Se era vadia desconhecia aquilo que a palavra significava. Uma louca que vivia enquanto sua própria vida a incendiava. Uma personagem cravada no texto que eu não mais dominava. Um texto para uma história inventada. Arte pelo nada. Jamais subestimada.
Estava só. Nu de si mesmo. Sem identidade e direito a recomeços. Habitante das sarjetas viciadas e dos medos mais violentos da alma, entorpecido pela ausência de pensamento, ébrio de arrependimentos e mágoas. Movido pelo desespero do desconhecimento perfeito de si mesmo.
Os dois, falsos donos dos seus motivos, andavam madrugando pelo vazio invadindo o imaginário dos que se acovardavam ao ouvirem os seus gritos, tomando banho com fagulhas em gotas dos riscos corridos, se embebedando de absintos de abismo e precipícios.
Um dia se esbarraram na borda dos limites que tanto procuravam. Se desapaixonaram e viveram sem limites neste texto pra sempre.

Aos amigos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ato

Sempre madrugavam poesia quando se faziam vivos na sensualidade dos seus corpos.
Olhares que se tocam, se aproximam e se provocam.
Duas taças de sonhos para saborearem um ao outro.
Todo desejo que brota não pode ser saciado aos poucos.
Vontades não controlam o sabor deliciosamente louco dos versos nas bocas atormentadas que se calam alucinadas pelo silêncio sedutor das palavras.
Pele eletrificada para ser saciada.
Gestos sonoros amplificam o desejo de que algo lhes falta.
Busca incessante e desesperadamente necessária
Movimentos alucinados desprovidos de alma
Sons exalam sensações indizíveis e mágicas.
Exaustos com a busca terminada.
Coração acelerado.
Respiram calma.
Vida
Consumados sonhos.

domingo, 5 de setembro de 2010

Não se puderam


Não se puderam evitar.
Eram dois amantes que traziam no pensamento o medo de se entregar ao mesmo tempo em que seus corpos eletrificados perdiam o ar.
O que a razão duvida o amor é capaz de acreditar.
Lutaram desesperadamente um contra cada sentimento até espatifarem suas razões contra o olhar.
Exaustos da batalha se perderam.
Em seus corpos mapas para encontrar o que não conseguiam mais desafiar.
Dúvidas germinavam em seus pensamentos.
Diferenças cortavam fundo seus desejos mais intensos.
Apesar de navegarem contra os ventos.
Perderam a guerra para ganhar o amor.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A dois

Eles se silenciavam alheios as razões em um universo pessoal com a mais total e plena ausência de palavras. O que o silêncio abriga as vezes o verbo mata. Tempo que não ousava movimentar um fragmento sequer da vida que estática loucamente se agitava através dos olhos que se entrelaçavam além das possibilidades mais poéticas e inesperadas. Quando a poesia atinge o coração dispara. Nada poderia perfurar a razão com mira mais exata. Sangravam em versos sem voz que inebriavam. Entorpecimento da alma. Versos de nada. Poesia evaporada.
Uma história a dois nunca está contada.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Constituição dos versos

Estou postando hoje para tentar justificar minhas ausências de postagens com um motivo quase justo. Depois de um exercício poético daqueles que mexem com as entranhas de  qualquer um tenho o prazer de informar que meu livro de versos ( não poesias, vocês vão entender) está chegando a sua forma definitiva. Ele se chama " Constituição dos versos - Carta Magna do Reino dos meus Sonhos" . Como todas as coisas que eu escrevo e que ouso chamar as vezes de livro a forma fica bem longe do convencional. Ele é realmente uma Constituição poética, só que pessoal, fruto do meu olhar de quase poeta, incerta pelo mundo.
Em breve postarei mais informações.
Beijos
PS: Voltarei a atualizar o blog diariamente a partir do final de semana.

sábado, 28 de agosto de 2010

Amor de Anjo e Lua

Ao recobrar a consciência se viu refletido em outros olhos que não os seus.
Quem se refletia também não era ele.
Era outro e ele ao mesmo tempo.
Descobriu-se então corpo estranho nele mesmo.
Um novo corpo para velhos sentimentos.
Um abismo puro de incoerência e medos.
Ali estava, de olhos abertos e alma deserta, a ser observado de perto por uma figura de simplicidade complexa.
Encantado, perguntou quem era ela.
Ela era tudo e era ele também.
Era algo e era alguém.
Contornos arredondados, pele clara e brilhante como seres humanos não tem.
Um ser que não se sabe o que é, nem de onde vem.
Observou então com cuidado cada detalhe do corpo dela.
Percorreu alucinado todo o desenho delicadamente abstrato da lua que ela era.
Exausto, adormeceu em seu colo enluarado como se fosse um poeta.
Enquanto dormia, ainda sob o efeito do desgaste que o exercício da paixão nele fazia, a lua confusa desaparecia.
Fugia assustada por ter conseguido realizar o que negava, mas desejava nas suas mais secretas fantasias.
Tornava-se ela neste momento, em completa mistura de sentimentos, realidade e magia.

domingo, 22 de agosto de 2010

Angelus - Texto I


Que venha a Lua, que vá o anjo. 
O encontro será perfeito, não se sabe onde, não se imagina quando.
Desconhecendo o peso das asas que carrega nas costas parte o anjo por uma via dolorosa.
E a lua, que apenas flutua, começa a sua jornada em uma noite solitária e escura.
O prazer do encontro jamais apagará o que vivido será no desencontro. 
Nenhuma felicidade é gratuitamente oferecida aos que estão peregrinando.
Não é concebível se perder na aspereza do caminho. 
A trajetória não oferece certezas mas é preciso fazê-la sorrindo.
Uma via de estrelas vem surgindo.
Os amores encantados caminham por uma estrada repleta de percalços. 
Não podem ficar imobilizados por medo dos abismos que se perdem por todos os lados. 
É preciso dar sempre mais um passo.

sábado, 21 de agosto de 2010

Asas


No início, sentia ele que as vigorosas asas nascidas em suas costas eram pesadas.
Peso que machucava intensamente sua alma inexata.
Vida assustadoramente nova que o medo da imobilização atormentava.
O que consome lhe devora e não mata.
Seus olhos rosnavam diante da eternidade mais absurda e fantástica.
Não tinha ele nenhuma coragem para movimentá-la.
Não sabia.
A vida lhe reservava algo que jamais imaginara.

Certo dia ao acordar percebeu que as suas asas naquele momento ele não mais controlava.
Preparavam-se elas para voar como se fossem encantadas, como se tivessem vida própria, como se não pudessem ser comandadas.
Apavorado, começou a travar uma luta desesperada para reconquistar o direito de definir quais os caminhos escolher nesta jornada.
Batalha inglória, energia gasta por nada.
A partir daquele momento seriam elas que escreveriam a sua história, fábula.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O universo em que escrevo

Na maioria das vezes escrevo em primeira pessoa, o que não significa necessariamente que é a minha pessoa que está ali diretamente exposta. É  evidente que a exposição existe, mas ela se dá indiretamente através da técnica pessoal que venho construindo para retratar o sentimento humano de uma forma relativamente convincente, poética e clara.
Um dos temas que prefiro é o universo feminino. Gosto dele pela multiplicidade de mulheres que verdadeiramente existem neste mundo. É fato que não é um dos temas mais fáceis, afinal o enxergar de uma mulher o feminino tem que se transformar em um exercício limpo e desprovido totalmente de defesas de genero para ser verdadeiro. Tenho que dizer e ponto. A voz e o debate não me cabem, é do leitor. É ele quem justa ou injustamente absolve o personagem da sua dor.
Não imponho idéias. Exponho observações que faço da vida  e as transformo em pessoas imaginárias que através da minha ótica ganham forma, voz e vida própria.
É fato que escrever sobre o universo feminino é algo delicado e merecedor de uma enormidade de cuidados, mas não me abalo. Me sinto imensamente confortavel tanto por ser mulher e falar de um tema que é tão próximo e palpável quanto pela facilidade com que me entrego ao sacrificio de me deixar ser dominada enquanto escrevo pela personalidade complexa e intensa das minhas personagens.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Mais um trecho do novo livro...

Decidi publicar mais alguns trechos do livro ainda em estado bruto. Achei a primeira postagem uma experiência interessante. Continuem a comentar. Agradeço o  carinho.

Inferno e paraíso são aqui e eu nem sei onde estou.
Não me importa a geografia do espaço se desconheço quem sou.
Meus contornos possuem um desenho maquiavélico e aterrorizador.
Vivo constantemente do desconhecer e da dor.
Minha agonia não conhece tempo nem espaço.
Sou um ser em farrapos, um angustiado.
Um desafiado desafiador.
Meus sonhos e pesadelos voláteis são assustadoramente mensuráveis e bem mais reais do que você certo dia imaginou.
Basta escutar meu lamento ensurdecedor.
Eis no que a ausência de vida me transformou.
Um zumbi de dores vazio de amor.
Um sopro de ausência e desapego.
Descobri infeliz e triste que a fé não existe.
Tudo o que se vive é uma forma de amor que distingue e isola quem ama e de quem é amado através de uma incomensurável distância não realizável que, sem esperança, é incapaz de ser recompensado.
Também descobri que não existe pecado, ele não passa da visão do lado que se acha certo a respeito do lado que se acha errado.
Não se pode e nem se deve me levar a sério, não passo de um condenado a nebulosidade da inexistência de um passado.
Não confie em mim, não acredite, não diga depois que eu nunca assumi a minha triste condição.  
Ninguém poderá alegar ter sido enganado, traído, machucado.
Destes crimes me recuso a ser culpado.
Sou um ser que, apesar de atordoado e cansado, perambula por todos os lados buscando o meio mais rápido e fácil de fugir de um lugar nunca imaginado, de encontrar a cura para um mal que desconhecia ter me contaminado.
Fujo da loucura sã que me atormenta e me alimenta antropofagicamente como um fantasma alucinado que sem nenhuma pena me tortura com as minhas esperanças de ser imaginário.
Desconheço plenamente o que sou.
Minha condenação se resume a dor de não saber o que me trouxe, quem me levou, onde estou e para onde vou.
Um condenado a ignorância, filho de uma desconhecida dor.
Sou muitos e nenhum, ficção exposta, realidade contraditória, mais uma visceral história.
Sou um bandido poeta da ausência dos sentidos, sou um perigo a não ser combatido, covarde e destemido.
Me chamo Angelo.
Meu nome é meu único traço, o que me marca e dá sentido a tudo o que vivo ou faço, sou um eterno descompasso.
Busco com minhas pernas, braços e asas encontrar um espaço que não me pertence, onde sei que não me encaixo e vivo inconsciente, apenas para ter algo a ser procurado.
Sou um ser que se engana porque um dia foi enganado, uma alma profana, um monstro atormentado.
Se sou um anjo, não confesso.
Não me acusarei.
 Não posso me aproveitar do fato de não saber apenas para aliviar meu desejo de me responder.
 A única coisa que posso afirmar a meu respeito tem relação direta com o que trago como ferida que não para de bater em minhas costas.
Minhas asas me torturam de forma cruel e impiedosa.
Sou banal como as minhas paixões, um deserto mal assombrado de sentimentos, pensamentos e sensações .
As energias que me movem, ao mesmo tempo que me imobilizam, nada mais são do que meras contradições que no meu peito se cristalizam como se fossem diamantes, brilhantes, cortantes e raros.
Sou na verdade uma certeza desprovida de aspirações, fortaleza sem chão, rota sem direção, meta sem definição.
Não sou nada além de uma estrondosa e visceral paixão.
Talvez eu seja fruto da sua fértil imaginação.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um trecho do livro que estou escrevendo...

Estou transpirando em um novo livro. Gostaria de saber de estou no caminho certo. Aguardo comentários. Beijos carinhosos :])


Ao longe eu o admirava em segredo, e ao admirá-lo só enxergava em seu corpo o medo.
Era ele completo desespero.
A cada momento em que o seu corpo mudava, suas esperanças se transformavam em lamentos, tão sincronizados quanto a batida de suas asas que rasgavam impiedosas a sua carne, os seus sonhos e os seus desejos.
Não há esperança.
Ninguém atenderá aos seus apelos.
A trajetória já foi lançada violentamente contra o tempo.
Atordoada e despreparada me enxergo encantada por um ser que não conheço.
Amor de afago, sentimento.
Quanto medo.
Amor de poesia.
Impossível contê-lo.
Um desejo a cada dia.
Na espera de um mísero e inconcebível beijo.
Quero apenas nunca mais deixar de vê-lo.
Surpreendentemente me mantenho longe deste homem.
Assim a minha vida deve ser vivida, do amor banida.
Como é hoje, como foi ontem, como continuará sendo.
Simplesmente distante, próxima apenas dos meus mais íntimos segredos.
Observo querendo um corpo que se estraçalha.
Ao sabor do movimento incontrolável da completa inexistência de palavras.
Uma alma esfarrapada solta no nada.
O assistia inteiro, nu e verdadeiro, em pedaços e atos que se desfaziam como sopros de vento, rápidos e intensos.
Sem rastros que pudessem seguir os meus olhos, deixavam um espaço vazio e sombrio no meu pensamento.
Puro sofrimento.
Eu queria dar colo, mas a distância me impedia com seus irrefutáveis argumentos.
Queria me despir, estar nua, me oferecer por inteiro.
Sofri de agonia, de impossibilidade, pelo distanciamento.
Estava diante, mesmo que distante, da dor lancinante e inesgotável de um homem que não sabia que eu existia, em total e voluntária paralisia, ao ler viva sua história acontecendo.
Enquanto ele se contorcia, estava eu protegida e reclusa em minhas fases múltiplas.
Todos os dias na dor eu renascia.


sábado, 14 de agosto de 2010

Desperto

Desperto e me olho no espelho.
Ainda me reconheço.
Prazer imenso em me rever sem medos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nova série de textos em meu novo blog

Comecei a escrever uma série de textos chamada de Pseudo ensaios. Para que este exercício literário pudesse ser visualizado com sua própria forma decidi separá-lo em um novo blog. Aqui está o link da sua primeira postagem:
Pseudo ensaios de uma poeta http://post.ly/rSvx

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Comprando um livro gastamos ou investimos?


Quando compramos um livro gastamos ou investimos o nosso dinheiro? A resposta vem através do tamanho do nosso envolvimento, se nos consideramos ou não leitores confessos.
Cultura não se compra, se busca. E o crescimento que buscamos tem como uma de suas grandes fontes a literatura. Não apenas aquela dos autores consagrados. Precisamos dos autores iniciantes com toda sua inocência e supostos vícios literários. Até o melhor de todos os escritores teve o seu árduo começo e seus inúmeros tropeços encadernados.
É graças a sua renovação que a literatura não está morta. Com toda virtualização do mundo é extremamente necessária para o pensamento humano o surgimento ininterrupto da palavra que a folha em branco transforma em páginas.
Interagimos em tempo real na mais alta velocidade, só não aprendemos a dar uma oportunidade para reconhecer com a mesma agilidade a nova literatura que em nossas portas todos os dias alternativamente bate.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pseudo ensaio sobre o ato de escrever


Escrevo. E quanto mais escrevo menos escrever me basta. É uma espécie de agonia, desassossego, tradução em movimento da minha alma atormentada.
Sentir em letras não necessariamente é uma forma clara de dizer o que se pensa.
A vida quando é redigida tem que ser intensa e imediata. Não pode ela cair em filosofias, sejam elas eruditas ou baratas. Ela tem que ser na lata, imprecisamente exata. Vida na veia sob a forma de palavras.
Escrever não é uma arte abstrata, tem que sangrar aquilo que fala, tem que escorrer aquilo que sente, tem que ser um ato alucinado e urgente.
Tenho total convicção que não sou de academia, sei que escrevo despida de regras, orientações, pudores e hipocrisias. Escrevo buscando a mais vagabunda e vulgar das poesias, a que só respeita a sonoridade, a pseudo-verbalização do texto, a sensação mais audível, a conversa companheira, prosa das esquinas, cumplicidade perfeita, via de mão dupla, um fala ou ouve o outro diz ou escuta.
Não pretendo ao escrever ser aceita na mais alta roda da literatura, o que penso a respeito da forma como se escreve pode vir a me rotular como absurda. Acho covarde a inserção de rótulos na literatura.
Quero apenas me libertar da loucura travestida de desejo de redigir tudo aquilo que sinto e percebo. Só que quanto mais escrevo menos me liberto, mais me encarcero. Prisão eterna, agonia perversa, desespero. Dependo do texto.
Sou e não sou o que escrevo. Sou e não sou quem existe. Tudo depende exclusivamente daquilo que se pretende, de como está sendo lido, da capacidade de alternar conscientemente discursos que se contradizem sem a culpa ou obrigação de manter uma única trajetória, definida e linear. Prefiro a trajetória circular, gosto da capacidade incontestável dos ciclos de manifestar sua capacidade de ir e retornar. Se não se vai não se volta com o conhecimento necessário. É preciso completar o itinerário das emoções propostas. A ida sempre tem que ser simultaneamente a volta. As palavras não devem ficar perdidas e soltas , elas tem que conhecer como se retorna.
A delimitação entre inferno e paraíso é tênue. Escrever é tomar a consciência  da existência dos mais insondáveis abismos na alma humana.
A paixão por escrever está na necessidade quase suicida da busca pelo abismo. Abismo de quem se é, de como se insere no mundo. Redigir a partir do raso para mergulhar no profundo, ausente de medos da mais visceral exposição de pensamentos e idéias.
Não se deve levar o ato de escrever tão violentamente a sério. Sempre contradigo meus próprios textos.

sábado, 31 de julho de 2010

Como surgiu o Confessionário urbano

Na verdade a primeira idéia não foi de um livro, mas sim de um aúdio livro. Como o texto é a história de uma mulher que ao buscar escrever um livro sobre o universo feminino decide gravar fitas ( este fato é uma dica do período em que acontece a história ) com o depoimento de outras mulheres a respeito de suas próprias vidas pensei em criar um áudio destes textos para serem interpretados por atrizes com o intuito de provocar uma sensação de realidade no ficcional, deixando assim o ouvinte/leitor confuso sobre a veracidade ou não dos depoimentos.
Após a definição da idéia inicial comecei a pensar em quais temas relacionados ao universo feminino eu  pinçaria para criar os textos que iriam compor o audio livro.
Defini alguns. A maioria continua na versão atual.
Durante um bom tempo, para desenvolver meu trabalho o mais próximo da realidade possível, li muitas matérias e assisti programas de noticiário policial, conversei com pessoas, escutei histórias, caminhei.
Minha maior necessidade era a de conseguir reproduzir um texto que pudesse ser lido e sentido como voz, palavra viva. Precisava que o texto se tornasse acima de tudo audível, sonoro, oral.
Buscar me tornar uma escritora focada no som das palavras foi um exaustivo e desafiador exercício.
Quando me senti preparada me voltei a construção dos textos. Trabalhei muito em cada um deles. Eu precisava escrever como fala a palavra de mulheres com histórias que eu nunca vivi nem na minha mais fértil e tenebrosa imaginação. Precisava dar a elas uma verdade, um sentimento, uma emoção capaz de ser transmitida apenas pela palavra, sem nenhum auxílio gestual. Criei sem perceber um laboratório teatral emocional. Descobri a necessidade da construção de um ritual para conseguir alcançar o objetivo que eu tinha em mente. Criei para cada personagem uma trilha sonora própria, que eu escutava para conseguir "entrar em suas almas ", construí também uma vida que eu pudesse visualizar como um filme mentalmente. Faltava a voz. Neste momento surgia o texto com toda sua carga, intensidade. Ao escrever me deixava sentir cada palavra, me entregava, ia ao meu limite. Terminava cada texto pensando em desistir, mas depois voltava ao trabalho. Cansei, me emocionei, chorei, fiquei mal, mas sobrevivi.
Gostei parcialmente do primeiro resultado. Descobri que não era para ser gravado. Senti a necessidade de manter em texto, mas achava que no formato de livro não estava fechado.
A primeira coisa que percebi foi a necessidade de um novo formato. Decidi não separar os textos em capítulos, delimitados. Gosto do inexato.
Decidi logo na sequência criar outros personagens que dessem ao livro um outro traço, que não perdesse o estilo de depoimento mas que inserisse a autora ( ficccional ) na história. Fui os encadeando. A sequência do texto virou uma sucessão de acontecimentos.
Optei por fazer prevalecer no texto a dúvida. Resolvi deixar o leitor escolher se o que ele lia eram depoimentos coletados pela primeira personagem ou se eram pedaços da sua vida que ela contava.
O livro tomou forma.
Assim surgiu o Confessionário urbano.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mais uma forma de interagir, fazer contato

Ampliando mais ainda os horizontes desta nossa relação leitor/autora estou disponibilizando aqui o email do livro para que possamos interagir. Aguardo contato.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Confessionário urbano - o livro

Criei este blog para que ele nos aproxime, leitor e autora.
Não pretendo apenas me expressar, quero ouvi-los.
Desejo saber dos que ainda não leram o que esperam do livro. Já dos que leram quero saber as impressões, opiniões, críticas e histórias vividas de confessionário urbano neste mundo.
O espaço está aberto.
Aproxime-se.
Amigo leitor, a casa é toda sua.
Estou aqui esperando por você.
Monica Gonçalves
A autora